sábado, 25 de abril de 2015

O que não posso é jubilar!

Entrei de cabeça e de joelhos nesse semestre...
De cabeça por ter definido, finalmente, a minha formatura!
De joelhos porque foram eles que adiaram pela enésima vez a dita colação de grau!
Obrigada lindos e dolorosos joelhos!

Já falei inúmeras vezes, por aqui, pela faculdade, aos colegas e parentes do meu desejo de continuar na faculdade... O que eu não posso é jubilar! Por isso, já posterguei cadeiras, desisti das UPPs e, nesse semestre, tive a infelicidade de luxar um joelho, detonar o outro e acabar cancelando três cadeiras fundamentais para que eu continuasse com a turma do 6º semestre! Turma boa e divertida... Gosto muito deles! Não irei mais me formar em agosto do ano que vem e não quero nem pensar em quando terei que sair da "mãe" UFRGS! Ainda mais agora que acabei me inserindo em um projeto de extensão e uma representação discente...

Por um lado, foi bem difícil me desligar das cadeiras, dizer tchau aos professores e assumir a minha atual condição de não ter forças para aguentar a rotina diária de trabalho, fisioterapia e aula todos os dias. Por outro lado (a dualidade geminiana é triste numa hora dessas!), fico bem feliz de adiar o curso, ficar mais tempo na tão sonhada universidade e participar mais ativamente da Saúde Coletiva. 

Mesmo não tendo aula durante três dias da semana, o trabalho continua, a fisioterapia vai longe e a faculdade... Ahhhh, a faculdade! Essa sim irá me exigir muito do meu precioso tempo! Ontem tive uma reunião pesada, hoje tive uma aula "punk" e amanhã... O amanhã só Deus sabe!

domingo, 12 de abril de 2015

A Saúde Coletiva e seus filmes

Procuro compartilhar por aqui os "socos no estômago" em forma de filmes, apresentações e realidades que a Saúde Coletiva apresenta, hoje contarei um pouco sobre o filme Germinal que vimos com na UPP de Vigilância em Saúde V com o professor Roger, o qual solicitou uma resenha crítica sobre o filme abaixo.


Não sou a pessoa mais fiel para escrever resenhas críticas, pois possuo um modo diferente de interpretar os filmes, os acontecimentos e os discursos. Depois que se adentra à Saúde Coletiva, se veste a camisa, se come, vive e respira a dita Coletividade! Os conceitos mudam, as palavras tomam outro sentido e os filmes... Ah os filmes! Estes sim são verdadeiras amostras do que nos aguarda num futuro bem próximo, recheados de bons e maus exemplos, cheios de conceitos e com muitas lições de vida (real ou fictícia).

Bom, o filme Germinal me chocou num primeiro momento, num segundo instante tive que rir para não chorar e por último o sentimento de indignação tomou conta da pessoa que assistiu ao dito filme de 1993 que retrata o modelo capitalista de trabalho do século XIX na França. baseado no romance de Émile Zola, com a belíssima atuação do ator Gerard D'Epardieu.

O filme conta a história de uma família que trabalha em uma mina de carvão, eles acolhem um rapaz que conseguiu emprego no garimpo após a morte de uma garimpeira. O rapaz percebe que o trabalho é mal remunerado, degradante e escravo e propõem a todos os trabalhadores fazer um fundo de reserva para darem início a uma greve. Ao mesmo tempo que o filme expõe a situação dos trabalhadores ele mostra o cotidiano das mulheres na vila, "mães de família" que lutam diariamente com a fome de seus filhos e com a constante humilhação de pedir comida na casa dos ricos. A filha mais velha da mulher símbolo do filme, casada com o ator Gerard D'Epardieu, se entrega a um homem pelo valor de uma fita para o cabelo! As mulheres sofrem muito, são menosprezadas e vulgarizadas, pois além de cuidar da família e da casa são elas que compram os mantimentos em uma espécie de mercearia na qual o dono abusa ainda mais da vulnerabilidade delas. Os trabalhadores da mina entram em greve, passam meses sem trabalhar, convencem outros trabalhadores a pararem os serviços, negociam com os patrões por melhores pagamentos e abatimentos de multas. As discussões com o dono da mina não foram nada amistosas para os grevistas, pois, devido ao longo tempo de greve, os trabalhadores foram ameaçados de demissão e garimpeiros da Bélgica foram contratados para trabalhar na mina. Enquanto o tempo passa, as mulheres continuam na luta diária de provedora do lar sem dinheiro para alimentar suas famílias inúmeras mortes por doenças e por conflitos ocorrem durante a greve. Após a greve terminar, os trabalhadores voltam ao serviço e a mina é sabotada, os mineiros sofrem um terrível acidente. Muitos foram os esforços para encontrar os sobreviventes e poucas eram as chances dos desaparecidos escaparem vivos da mina. O filme termina sem os direitos dos mineiros atendidos e com eles tendo que voltar ao trabalho.

E o que a Saúde Coletiva tem a ver com esse filme? Tudo! Tem tudo a ver quando o assunto do semestre da UPP de Vigilância é sobre a Saúde do Trabalhador, quando o assunto do momento na política brasileira trata sobre a precarização do trabalho e quando o ódio institucional, racial, de gênero e classe é instituído no país através das mídias. O modelo capitalista que o filme apresenta está em voga até hoje, bem como a raiva e a vingança com as próprias mãos!

Não vou dizer que o filme é um dos melhores que já vi, pois prefiro viver na ilusão da boa comédia e do excelente dramalhão, nos quais a vida passa sorrindo ou chorando e não vemos as mazelas humanas, muito menos a batalha que muitos travam diariamente, é a famosa fuga da realidade... Mas, o filme Germinal figura no rol dos melhores que a Saúde Coletiva já me apresentou, um dos "socos no estômago master" no qual retrata algo do século retrasado, em uma filmagem do século passado e que está tão presente no século que vivemos!

Assistam, reflitam, tirem suas próprias conclusões, aprendam mais um pouco, fujam da vida de comercial de margarina e adentrem no submundo da realidade nua e crua em que vivemos!