domingo, 22 de julho de 2018

As Dores & as Delícias da Saúde Coletiva

Compartilho com os amigos, leitores do Blog, uma parte importante do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e uma música que muito diz sobre o meu momento atual com o fim de um sonho, ela se chama Fin de Fiesta e é do cantor argentino Kevin Johansen. Peço desculpas, de antemão, pela densidade, tamanho e intensidade do texto, mas seria impossível não colocá-lo na íntegra devido a cadências das Dores & Delícias, das Delícias & das Dores que de forma nada cronológica compuseram esses meus sete anos e meio de Graduação na UFRGS. Espero que gostem, que se emocionem, que se alegrem e que se vejam/lembrem delas (parte destinada aos colegas e ex-colegas).      
O sonho de ingressar na UFRGS me acompanha desde que comecei a frequentar as formaturas de amigos, vizinhos e parentes. O desejo de adentrar no Salão de Atos vestida de toga com um capelo na mão, ouvir meu nome, pegar o diploma ao som de uma música escolhida por mim, agradecer a todos que participaram daquela conquista (hoje, não existe mais a parte do discurso individual), ouvir o discurso do professor paraninfo e, no final, jogar o capelo para o alto sempre foi algo que muito almejei e que levei tempo para descobrir em qual Curso me encaixaria. O tempo voa, a vida dá voltas e cá estou no meu oitavo ano de Saúde Coletiva, realizando meu sonho, finalizando um curso superior, escrevendo o tão temido Trabalho de Conclusão de Curso e sintetizando nele tudo que vivi durante o Bacharelado. A dor de despertar do sonho se dilui na alegria de finalizar um projeto de vida e de ter a certeza de que sonhos se realizam. 

A longa permanência na Universidade se deu por inúmeros problemas pessoais e alguns outros que dizem respeito à falta de colocação no mercado de trabalho do profissional egresso. Acompanhei diversos colegas que, após se formarem, ainda não conseguiram emprego. Enquanto estive na faculdade, participei de vários Projetos de Extensão. Um deles, em particular, foi o “DivulgaSaúde Coletiva”, projeto de extensão que durou de 2014 a 2017 criado com o intuito de divulgar o Curso de Saúde Coletiva para gestores e trabalhadores de instituições públicas e privadas, do campo da saúde e da educação. Após algum tempo (cerca de dois anos), participando do Projeto e ouvindo de que o Bacharel em Saúde Coletiva é ótimo, aberto, um profissional sem igual, entre outras boas características, me dou conta que, infelizmente, temos muito a construir ainda. Nossa profissão não tem registro profissional, não temos vagas de emprego e continuar estudando (através de especializações, residências e mestrados) parece ser a única forma de desafogar os formandos e fazer com que cada vez mais se especializem, ainda que só consigam sobreviver através de bolsas de estudos.

Algumas pesquisas realizadas sobre a inserção do profissional sanitarista no mercado de trabalho corroboram com as minhas angústias e anseios e explicitam esta situação. Lorena et alii (2016) fizeram um levantamento nacional dos egressos da graduação em Saúde Coletiva no Brasil, no que tange a identificação, análise das áreas de atuação, atividades desenvolvidas, faixa salarial, vínculo empregatício e outros aspectos relacionados ao mercado de trabalho do bacharel em Saúde Coletiva. Diego e Ivan et alii (2015), analisaram os editais de concursos públicos de 2012 a 2015, com o objetivo de identificar as oportunidades de inserção do Sanitarista na carreira pública. Domingues (2016) também fez uma análise sobre a inserção profissional dos egressos do Curso de Saúde Coletiva do país para compreender e identificar em quais realidades se encontram os egressos deste Curso e se efetivamente atuam como Bacharéis em Saúde Coletiva através de um vídeo documental narrativo. 

As conclusões das referências acima convergem bastante no que tange a busca incessante pela tão sonhada inserção do Sanitarista no mercado de trabalho. Lorena et alii (2016) concluiu com a sua pesquisa que, além de delinear as trajetórias acadêmicas e profissionais dos graduados em saúde coletiva, utilizou-se de um instrumento que permitiu identificar as dificuldades desses ex-alunos em se inserir no mundo do trabalho da saúde pública/saúde coletiva, bem como Diego e Ivan et alii (2015) finalizaram sua pesquisa chegando à conclusão de que a maioria dos concursos ainda não privilegia o profissional graduado em Saúde Coletiva e o desconhecimento da formação do Sanitarista em nível de graduação direciona as vagas para profissionais de outras formações da área da saúde e exigência de especialização em Saúde Pública ou Saúde Coletiva e o Domingues (2016) espera que maiores articulações sejam feitas a respeito do assunto, no que compete as universidades, aos egressos e aos movimentos estudantis como um todo e para que se obtenha uma maior conexão entre todos envolvidos e militantes desta Graduação. Estes autores comprovam através das suas pesquisas o que tenho sentido e vivenciado nas minhas práticas diárias, tanto no trabalho em saúde como ao longo da graduação. Os resultados demostram a fragilidade e as dificuldades que este novo profissional tem enfrentado em relação a colocação no mercado de trabalho, mas, por outro lado, acabam dando visibilidade as preocupações e inquietações dos graduandos e egressos do curso de Saúde Coletiva. 

A teoria nem sempre vem acompanhada da prática, ao analisar as citações acima, lembrei de um episódio que passamos durante a minha participação no Projeto Divulga Saúde Coletiva que diz exatamente dos entraves que vivemos com relação as oportunidades de concursos públicos e colocação profissional. Na ocasião, eu havia conseguido um contato com a então vice-presidente e futura presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) para ver a possibilidade da inserção do profissional Sanitarista no HCPA, na época houve uma certa relutância dela em entender que o Sanitarista poderia sim ocupar um lugar na atenção terciária. O que gerou todo um estudo por parte do grupo do Divulga em analisar os pré-requisitos de um concurso que estava em vigor no Hospital Universitário e do qual o Bacharel em Saúde Coletiva poderia desempenhar as mesmas funções de um médico no cargo de auditor. A proposta foi encaminhada para a mesa diretora do HCPA onde os diretores, na época, gostaram muito da ideia mas não ocorreu aprovação da então diretora do HCPA. Os alunos da Saúde Coletiva mobilizaram-se enviando e-mails solicitando que o Reitor da Universidade intercedesse junto à diretoria do Clínicas para que a mesma aceitasse como pré-requisito o Bacharel em Saúde Coletiva no concurso do Hospital valorizando assim um profissional formado pela UFRGS e atuando no Hospital da Universidade. O pedido foi negado e até hoje não há a menor possibilidade do Sanitarista ocupar qualquer outro cargo dentro do HCPA que não aquele de estagiário curricular obrigatório e de assistente administrativo, cargo que existe e que muitos colegas Sanitaristas o ocupam já que o concurso exigi somente o Ensino Médio Completo para a vaga. Portanto, não há profissionais trabalhando na “ponta” do sistema de saúde ou no “chão de fábrica”, ainda que, durante nossa formação, tenhamos aprendido que estes seriam os nossos lugares. Mesmo que as esperanças sejam pequenas, nesse exato momento em que escrevo, o futuro parece acenar coma possibilidade de inserção, a médio e longo prazo, do Bacharel em Saúde Coletiva em um concurso do Grupo Hospitalar Conceição para a função de Técnico em Educação. 

Embora as dores sejam grandes, é impossível não relatar também as delícias de ter realizado este Curso nessa Universidade. Uma delas diz respeito à delícia de trabalhar com o tema da Comunicação & Saúde antes de eu terminar o Curso. Desde o meu ingresso na Graduação, fui autodidaticamente, aprendendo sobre e me exercitando nesse campo de saber, até então bastante novo e instigante para mim.Foi através dessa aprendizagem que criei um Blog para acompanhar minha trajetória ao longo do Curso. A curiosidade e o interesse pela área da Comunicação também me permitiram participar de três grandes projetos: a Rádio Web Saúde (RWS), o Portas Abertas e o Divulga Saúde Coletiva (já mencionado). O Portas Abertas é um projeto institucional da Universidade que acontece anualmente, momento no qual as portas da Universidade se abrem para a população conhecer o universo acadêmico e os cursos mostrarem como funcionam. A Rádio Web Saúde foi idealizada e criada por um grupo de alunos do Curso, no segundo semestre de 2010, visando transmitir informações sobre temas atuais e relevantes para a saúde da população brasileira, utilizando uma linguagem simples. Sua programação era inteiramente disponibilizada apenas na internet, podendo ser acessada em qualquer parte do mundo. Com a Rádio Web, aprendi a fazer uma comunicação diferente, entrevistei grandes referências da Saúde Coletiva, fui em vários congressos, conheci muitos colegas, fui a muitos lugares e aprendi com o grupo a fazer uma rádio diferente da usual. A ideia foi tão original e inovadora que fomos convidados a divulgar a RWS Brasil afora. Brasília, Chapecó e São Paulo são exemplos dos lugares que implantaram rádios semelhantes. Na Rádio, exercemos a criatividade e praticamos uma comunicação diferente daquela de uma rádio tradicional, uma comunicação que conquistou colegas, professores e que nos fez viajar pelo país. 

A Comunicação me acompanhou tanto ao longo do Bacharelado que, ano passado, fui entrevistada pelo Jornal da Universidade sobre o tema de estudar e trabalhar (UFRGS, 2017). O convite surgiu após a realização de uma aula aberta “Permanência do estudante-trabalhador: desafios e perspectivas” em setembro do ano passado na UFRGS, organizada pela Faculdade de Comunicação através de uma demanda do curso de Arquivologia que é noturno e segundo a Coordenadora da Comissão de Graduação da Arquivologia, Valéria Bertotti: “o curso vem montando um projeto de acompanhamento discente, nesse projeto a gente vê uma série de questões pertinentes a esse aluno que trabalha de manhã e de tarde e chega de noite na Universidade buscando o seu aperfeiçoamento, à conclusão de um curso". O tema da aula caiu como uma luva para a realidade vivida pelos estudantes da Saúde Coletiva desde sempre, pois somos, na grande maioria, trabalhadores. Tal experiência foi um momento único para uma trabalhadora-estudante como eu que tem uma rotina diária desgastante, mas, ao mesmo tempo, privilegiada. Trabalho seis horas por dia e possuo um turno extra além do noturno para estudar, fazer estágio e participar dos inúmeros projetos que participei na faculdade. Foi através da aula aberta e de uma fala bem pertinente à realidade que o estudante da Saúde Coletiva vivencia durante a graduação que fui indicada para ser entrevistada pelo Jornal da Universidade, no qual falei sobre como foi cursar o Bacharelado, conciliando as aulas noturnas com o trabalho diurno. A partir dessa aula conheci o Técnico em Educação, Igor Corrêa Pereira, e fiquei sabendo um pouco mais do trabalho dele e do artigo que ele escreveu sobre o aluno-trabalhador na Universidade Pública. No artigo, “Os desafios e as perspectivas da permanência do estudante-trabalhador na Universidade Pública brasileira: reflexões a partir do caso da UFRGS”, Igor faz uma reflexão sobre as perspectivas e os desafios da permanência do estudante trabalhador na Universidade pública brasileira, tomando como ponto de partida e analisando o caso da UFRGS e situa o debate contemporâneo sobre o abandono no ensino superior público brasileiro no contexto da recente democratização do acesso e consequente mudança do perfil do estudante, ampliando-se o número de discentes que estudam e trabalham. Esse quadro recente traz o desafio da mudança do comportamento institucional com vistas a superar a histórica separação entre trabalho e educação. O abandono no ensino superior configura um fracasso que não pode ser atribuído unicamente ao indivíduo que abandona, mas sim a um conjunto de fatores sociais que dizem respeito, em grande medida, a forma como se organiza as instituições de ensino, e sob um aspecto mais amplo, a um modelo de desenvolvimento do país. 

Se, por um lado, são muitas as alegrias, cursar Saúde Coletiva na UFRGS também me trouxe algumas tristezas. Uma delas foi quando, no mesmo período em que fomos convidados, enquanto participantes do Divulga Saúde Coletiva, para apresentar o nosso Curso na Superintendência Regional da Polícia Federal, dois professores da Saúde Coletiva foram indiciados, presos e seguem afastados judicialmente por acusação de desvios de recursos públicos (ESTADÃO, 2016; IRION, 2016; GLOBO, 2016; RBS, 2016; UFRGS, 2016, entre outras). A dor de ver a Saúde Coletiva nas páginas policiais dos maiores jornais do país foi bem difícil de suportar e superar. Conforme a reportagem de Zero Hora (IRION, 2016), “a apuração da Polícia Federal revelou que um grupo criminoso se utilizou da coordenação de projetos na área da Educação em Saúde com objetivo de desviar recursos, especialmente de dois programas ligados à Escola de Enfermagem da UFRGS: o de Educação em Saúde Coletiva (PESC) e o de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGCol)”(p.3). Não me cabe aqui julgar ninguém, muito menos inocentar, isso é trabalho da polícia e da justiça. O que importa é que foi decepcionante ver a Saúde Coletiva nas páginas policiais de vários jornais e saber que dois professores conhecidos internacionalmente estavam sob investigação, suspeitos de desvio de bolsas. O desencantamento com o futuro do Curso e a frustração com o mercado de trabalho que estávamos tentando conquistar a duras penas acabou fazendo com que eu me desestimulasse bastante com a graduação, o presente e o futuro dela. 

Assim como são tristes alguns momentos e percursos, registro aqui o prazer e a delícia de trabalhar/estudar/colocar em prática o tema da Comunicação & Saúde durante a minha trajetória no Curso. De certa forma, este artigo é fruto de um exercício de escrita das várias atividades realizadas. Além dos projetos já mencionados, realizei dois estágios curriculares obrigatórios (um no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e outro na Secretaria Municipal de Saúde), desenvolvi o Blog (já mencionado), realizei entrevistas, fui monitora acadêmica durantes vários semestres, entre outras atividades que fizeram com que eu exercitasse a Comunicação & Saúde. Embora eu tivesse, durante o Curso, me identificado tanto com o tema da Comunicação, não tínhamos, até 2016, uma UPP que tratasse especificamente desse tema. Após várias críticas minhas via Blog, presencialmente, nas aulas e nas reuniões, minha sugestão foi acolhida e temos, atualmente, uma UPP que trata exclusivamente do tema da Comunicação. Desde sua criação até semestre passado, fui monitora dessa UPP e tenho observado o quanto este tema tem sido bem aproveitado e apreciado pelos colegas. Nesse sentido, participar dessa conquista para o Bacharelado é/foi importantíssimo, pois mostra o quanto o Curso pode modificar seu currículo para inserir temas relevantes à formação profissional. Acredito que outras modificações curriculares se façam necessárias para excluir e acrescentar outros temas extremamente relevantes para o Bacharelado, mas isso, agora, será tarefa dos colegas que estão ou que entrarão no Curso. 

O relato feito até aqui não poderia ser finalizado sem que eu mencione a gratidão e a oportunidade de ter cursado uma Universidade Pública, Federal e Gratuita. "Como é que eu saio de um lugar que até hoje eu não acredito que entrei?!" Essa pergunta me fiz no início do semestre de 2018, quase como uma forma de desabafo, de desespero e de dor de acordar de um “sonho sonhado” junto com a minha família, de ter um filho se formando um uma Universidade Federal, dor de demorar tanto tempo para entrar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e não ter pressa nenhuma de sair dela. Dor de ver meus colegas não conseguirem a merecida colocação no mercado de trabalho devido a inúmeras dificuldades e de toda a conjectura política atual. Uma dor alegre, uma dor de dever cumprido, uma dor de perceber que os ciclos se fecham e que outros se iniciam, uma dor que a dualidade que me acompanha entende como uma delícia de saber que os sonhos se realizam e se tornam realidade. A delícia de estar em um lugar que sempre sonhei é fascinante, inacreditável e surpreendente! É difícil cair na real, é complicado se despedir de um lugar que tu sempre sonhaste estar e até hoje não acreditas que muito fez, aproveitou, descobriu e se redescobriu. Mas, é para e por isso que estou aqui finalizando um ciclo e iniciando outro. 

A dor de entrar com um propósito e sair com outro se dá pelo simples fato de que quando entrei na faculdade eu dizia que iria “mandar em quem manda em mim”. Doce ilusão e uma enorme presunção a minha, mas a ideia de que o Sanitarista poderia trabalhar no Grupo Hospitalar Conceição seria ótimo, pois ele é um profissional aberto que circula, respinga e toca em vários lugares, que poderia atuar na gestão das equipes de saúde, nos diversos setores da instituição. A dor de entrar com um propósito na faculdade gera, ao mesmo tempo, uma alegria de me dar conta de que saio com outros pensamentos, outras aspirações, várias inquietações e uma certeza de que,independente do tempo, cumpri minha missão e conheci uma nova área: a Comunicação & Saúde. 

A Universidade proporciona muitas oportunidades aos seus alunos que, de certa forma, são um suporte para os profissionais que seremos no futuro. Todos os projetos de extensão, PETS (O Programa de Educação Tutorial), cursos, seminários, congressos, encontros, estágios, bolsas e monitorias servem para que os alunos, de certa maneira (mesmo que limitada), tenham contato com o mundo do trabalho. Como, por exemplo, uma aluna de um curso noturno, trabalhadora, que se dedicou e aproveitou todas as oportunidades que a universidade pública ofereceu sairia no tempo regulamentar? Será que ainda teremos essa universidade pública, gratuita e inclusiva (na sua totalidade/integralidade)? Será que meus sobrinhos, filhos e netos terão a mesma possibilidade de conviver com essas dores e delícias? Ainda mais nos tempos atuais, de congelamento de gastos públicos por 20 anos que, conforme o Jornal El País, a Emenda Constitucional 95/2016 tem como objetivo frear a trajetória de crescimento dos gastos públicos e tentar equilibrar as contas públicas (EL PAÍS, 2016). Como será que os órgãos públicos reagirão a tamanho corte de gastos? Como reagirão os professores, servidores e alunos com seus salários congelados, distribuição de vagas, alocação de recursos, investimentos em laboratórios e tantos outros bens necessários para um aprendizado coerente com o mercado de trabalho e que faça frente à excelência que a UFRGS tem perante o país e o mundo? Como? As respostas não estão dadas ainda e somente o tempo dirá o quanto os cortes orçamentários prejudicarão os tão necessários investimentos sociais, de um país tão grande e desigual como o Brasil. 

Ao finalizar, registro a importância que os estudantes da Saúde Coletiva têm ao relatar suas impressões com, para e sobre o Curso para que a Saúde Coletiva cresça, evolua, melhore, se empenhe em atualizar-se com o que acontece no país e no mundo. A Saúde Coletiva deve formar profissionais com criticidade, mas também precisa acolher esse estudante com suas críticas, opiniões e sugestões. Ainda que o percurso tenha sido tortuoso, eu sinto ter sido acolhida, escutada e pude participar da construção de um tema tão importante que é a Comunicação & Saúde bem como da evolução dele dentro da grade curricular do Curso. Felicidade, delícia, orgulho, gratidão, empatia, alteridade, altruísmo... Conceitos que levo comigo, que a Saúde Coletiva me ensinou e que serei eternamente grata por poder colaborar com a experiência que tive na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Escola de Enfermagem e no Curso de Saúde Coletiva através desse relato, dessa história de vida, desses anseios, quereres, dessas dores & delícias! 

Sei que os agradecimentos são no início de qualquer trabalho, mas por que não fazer diferente e deixá-los para o final? Agradeço muito os professores que me ajudaram a chegar até aqui, enumerá-los/nomeá-los seria um sacrilégio com a capacidade que tenho de não lembrar dos nomes ou de esquecer de alguém... Mas, eles sabem o quanto são onipresentes na minha vida, na lembrança e no exemplo que eles geram em cada aluno que eles já tiveram, tem e ainda terão! Uma em especial me acompanha desde a primeira vez que ouvi a alegria da sua gargalhada e o quanto ela me incentivou, incentiva e incentivará muito a continuar na luta por um mundo melhor para o coletivo, o nome dela é Cristianne Maria Famer Rocha... Sim, essa mesma, minha orientadora do TCC, supervisora dos estágios que realizei, minha professora, minha mestra, leitora/revisora de textos assídua do meu Blog, minha confidente, minha mentora e incentivadora das monitorias que realizei. Orgulho tenho dessa mulher do (para o) mundo, filha, sobrinha, tia, mãe, esposa, professora, formadora de opinião por aqui, por e-mail e pelas redes sociais! Sempre incentivando, empoderando, acolhendo, empurrando do precipício e eternamente nos apoiando em tudo que precisamos. Sintetizar em palavras o que sinto por ela e quanta falta sua onipresença me fará é um misto de dor e delícia... Dor da presença física, delícia da onipresença porque será difícil deixar de segui-la pelas redes sociais e pelos e-mails! Cris, agradecer o muito que tu fez por mim durante todos esses anos é pouco perto da imensa gratidão que tenho pelo universo ter cruzado os nossos caminhos e por ter te posto ao meu lado em um dos momentos mais importantes da minha vida, da minha formação e da realização de um sonho. É com lágrimas nos olhos e o coração cheio de alegria que termino esse Trabalho de Conclusão de Curso para mim, para ti e para muitos outros que virão, o norte das dores e das delícias que tu me deste caíram como uma luva para que eu pudesse relatar a experiência que tive ao cursar a Saúde Coletiva na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

10 comentários:

  1. Brava!!!!! Que a vida siga nos dando motivos para nos alegrar e nos entristecer! Afinal, somos apenas humanos desejosas de mais ética em um mundo tão desanimador!

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    1. É Cris! A dualidade minha de cada dia de encontrar alegria na tristeza e de tratar das dores como delícias e das delícias como dores! Obrigada pela caminhada intensa que tivemos nesse percurso árduo, divertido e de inúmeros descobrimentos!

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  2. Sempre que leio me emociono! Parabens Rossana!! Beijo

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    1. Ana Querida, a emoção é compartilhada a cada leitura também! Obrigada por estar sempre ao meu lado! Devo muito desse TCC a ti que muito me apoiou durante todo esse sonho e que, com certeza, mês que vem tu irá me beliscar e eu não te garanto que vá acordar do sonho de cursar a UFRGS!

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  3. Que lindo Rossana, impossível não se emocionar! Tens o dom da comunicação! Parabéns pelo dom, pela determinação e pela realização do sonho! E saibas que é só o começo! Estarei sempre torcendo por ti! Beijo

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    1. Obrigada Mari querida! Tenho o dom de falar o que todo mundo pensa e não tem coragem de dizer isso sim! Mas, que bom... É sempre muito bom saber que minhas relativizações emocionam a ti e a muitos que compartilham das minhas agruras! Obrigada pela torcida, saiba que ela é mútua!

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  4. Emocionante, compartilho contigo de algumas dores, parabéns e obrigado por esse texto belíssimo. Admiro tua persistência na Saúde Coletiva, eu não resisti. Dia 21 estarei na 1 fila aplaudindo tua resistência e tua Vitória. Grande bjo. 😍🥂

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  5. Escrever nem uma coisa
    Nem outra -
    A fim de dizer todas -
    Ou, pelo menos, nenhumas.

    Assim,
    Ao poeta faz bem
    Desexplicar -
    Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.
    Manoel de Barros

    Assim é a vida:
    dores e delicias,
    escurecer e acender,
    Dizer uma coisa e outra
    Desexplicar...
    Lutas as temos sempre, mas náo desistimos da boa luta!

    Que venha dia 21 e essa entrada com toga e capelo....
    PARABENS Rossana..Vibro sempre com tua energia!

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  6. Ivan Ricalde, o Terrível26 de julho de 2018 às 14:36

    Cara Rossana estou muito lisonjeado em fazer parte dessa sua escrita fabulosa de relatar sua experiência de vivenciar a Saúde Coletiva em especial sua capacidade de identificar os nós críticos nesse percurso da graduação em um Curso construído e idealizado pelos construtores da Reforma Sanitária numa luta antiga e contemporânea na valorização da saúde e da vida das populações mais vulneráveis e na luta constante em manter nosso SUS como política pública de governo. Espero ter saúde para acompanhar no dia 21 de agosto tua consagração dessa passagem na UFRGS para seguir em frente rumo a novos horizontes que se apresentarão na sua vida. Forte Abraço desse amigo que muito te admira.

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